Ronaldo Lima Lins

Doutor pela Sorbonne (Universidade de Paris III), tem pós-doutorado na École de Hautes Études en Sciences Sociales e ocupa a posição de Pesquisador IA do CNPq. É Titular de Teoria da Literatura da Faculdade de Letras da UFRJ, instituição que dirigiu por duas vezes. Publicou obras de ficção (Os grandes senhores; Material de aluvião, ambos em Portugal; A lâmina do espelho; As perguntas de Gauguin; Jardim Brasil: conto) e ensaio (O teatro de Nelson Rodrigues, uma realidade em agonia; Violência e literatura; Nossa amiga feroz,breve história da ‘felicidade’ na expressão contemporânea, O felino predador, ensaio sobrea história maldita da verdade, A indiferença pós-moderna, e A construção e a destruição do conhecimento). Seu último livro (de poesias) chama-se Mais do que a areia menos do que a pedra (Editora 7 Letras).

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Chocolates de Pessoa

(voz: PH Wolf)

Os chocolates de Pessoa
têm um sabor amargo.
Não se dissolvem na boca,
não lembram festas juninas.

Não se assemelham aos voos
que atravessam os dias de sol
em céu (livre) de brigadeiro,
com paladar de reconciliação.

São doces da maturidade
cozidos com ingredientes
exóticos entre pitadas de
sal e frutos da consciência.

Formam navios à deriva de
navegações sem farol sobre os
mares em fúria de ideais traídos.

Engolem a metafísica na arte
do reconhecimento, inclusive
nas noites quentes e lânguidas
do verão das nossas angústias.
Não se dobram às apreensões
e não se encaixam nas peças
malfeitas dos jogos de armar
de adultos em estado de ilusão.


São chocolates que comemos
para saciar uma fome esquisita:
a dos caminhos do nada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário